No país de Burle Marx, surpreende ver como a maioria dos projetos de paisagismo brasileiros não tem forma. Me explico: entendo o termo forma como relação entre elementos de um todo, não como a sua aparência.
No paisagismo brasileiro, predominam projetos em que não se percebe uma idéia global, um esqueleto formal que ordene os elementos menores. O esforço maior parece dedicado a resolver cada recanto individualmente, sem maior atenção em relação ao todo.
Exemplifico com um projeto do arquiteto espanhol Juan Navarro Baldeweg, também pintor, como o nosso Burle Marx. A imagem mostra um pequeno parque à beira de um rio, antes do crescimento das árvores já plantadas, o que nos permite ver a forma do projeto. O mobiliário urbano também não estava instalado nesse momento.
Gostemos ou não da sua composição, percebe-se que há um conceito global que integra caminhos, zonas plantadas, acessos, espelhos d’água, escadas, etc. Se olhássemos mais de perto, veríamos o cuidado dedicado aos detalhes, aos encontros entre materiais diferentes, aos acabamentos.
O desenho dos espaços públicos reflete o nível cultural de um povo. O fato de que aceitamos qualquer coisa como desenho para os nossos espaços públicos (a surrada fórmula: duas quadras + alguns bancos + alguns canteiros) revela que ainda não nos demos conta de a identidade das sociedades também se constrói visualmente, por meio da arte e da arquitetura.
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OBS.: Comentários são muito bem vindos e será um prazer respondê-los mas, por favor, identifique-se (nome + email), para eu poder saber com quem estou me comunicando. Obrigado.
No paisagismo brasileiro, predominam projetos em que não se percebe uma idéia global, um esqueleto formal que ordene os elementos menores. O esforço maior parece dedicado a resolver cada recanto individualmente, sem maior atenção em relação ao todo.
Exemplifico com um projeto do arquiteto espanhol Juan Navarro Baldeweg, também pintor, como o nosso Burle Marx. A imagem mostra um pequeno parque à beira de um rio, antes do crescimento das árvores já plantadas, o que nos permite ver a forma do projeto. O mobiliário urbano também não estava instalado nesse momento.
Gostemos ou não da sua composição, percebe-se que há um conceito global que integra caminhos, zonas plantadas, acessos, espelhos d’água, escadas, etc. Se olhássemos mais de perto, veríamos o cuidado dedicado aos detalhes, aos encontros entre materiais diferentes, aos acabamentos.
O desenho dos espaços públicos reflete o nível cultural de um povo. O fato de que aceitamos qualquer coisa como desenho para os nossos espaços públicos (a surrada fórmula: duas quadras + alguns bancos + alguns canteiros) revela que ainda não nos demos conta de a identidade das sociedades também se constrói visualmente, por meio da arte e da arquitetura.
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OBS.: Comentários são muito bem vindos e será um prazer respondê-los mas, por favor, identifique-se (nome + email), para eu poder saber com quem estou me comunicando. Obrigado.
5 comentários:
edson, por favor, conta onde se encontra este parque e mostra uma foto de agora, com as árvores já crescidas. parece algo muito rígido, e ele tem uma entrevista onde diz isso:
P. Se supone que la actividad del arquitecto es una actividad ordenadora del mundo, pero hay muchos de ellos que sienten que eso ya no es posible.
R. Yo siempre he dicho que la arquitectura no tiene obligación de ordenar el mundo, sino de hacerlo visible. Por eso hablo siempre de la arquitectura como algo que pone las cosas al alcance de la experiencia; de lo natural y de lo que no lo es, de lo visible y de lo invisible: es una caja de resonancia que permite traducir el rumor caótico del mundo a una música al alcance de nuestra percepión.
aí o caos vem da vegetação?
a entrevista está em:
http://www.elpais.es/articulo/elpbabart/20020413elpbabart_9/Tes/arquitectura/tiene/obligación/ordenar/mundo/hacerlo/visible
jorge,
obrigado. manda para nós o endereço do teu blog!
abraço.
to,
não estou conseguindo encontrar o lugar. peguei a foto e me descuidei disso. assim que achá-lo te informo.
a entrevista que mencionas é boa. este arquiteto é muito interessante, pois é também um pintor muito reconhecido.
respeitando a tua opinião, como sempre, discordo dessa relação entre linhas retas e rigidez (que ganha um sentido pejorativo). então se tiver um monte de curvas deixa de ser rígido?
olhando para o projeto, se vê uma série de linhas paralelas que se repetem, mas isso está longe de ser uma quadrícula universal que domina tudo.
o que há é um caminho na borda do rio e 3 faixas onde estão os espelhos d'água. há canteiros de forma menos ortogonal e na parte superior há uma zona verde com uns caminhos radiais onde as linhas retas desaparecem.
sim, acho que a vegetação crescida trará (traria?) essa ordem complexa que é própria da natureza.
uma última observação: o homem faz artifício, não natureza. toda vez que tentar fazê-lo, sai um arremedo.
entendo e concordo com o que disse.
mas, nível cultural? o que é isso?
acho que se equivoca, ao final.
cultura não tem nível... é "dado" histórico, a não ser que prefira uma história à outra (isso é possível só no "ouvi contarem", mas não vivi).
nessa escolha, não se fala de nível...e sim de preferência.
o desenho dos espaços públicos reflete a cultura de um povo...
a cultura reflete...
assim como a reflexão sobre a cultura reflete...
a mudança histórica que vocês na UFRGS promovem já reflete e ainda refletirá, historicamente, mas deixe a história do nível quietinha, ela não nos diz repeito.
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