Algumas semanas atrás mostrei uma casa de Breuer que era generosamente envidraçada e se abria para o exterior, um campo aberto sem cercas ou outro tipo de proteção. Logo uma amiga enviou um comentário salientando, com toda razão, a dificuldade de se ter uma casa semelhante no Brasil de hoje, devido à falta de segurança.
Hoje gostaria de apontar uma alternativa que me parece bastante viável: a criação de espaços abertos interiores, pátios para os quais a casa pode se abrir integralmente sem maiores preocupações.
Essa abertura quase total para o exterior tem que vir acompanhada de muros altos, é verdade, mas o que se ganha em qualidade de vida no interior compensa a perda de comunicação visual com a parte de fora do terreno.
Posso estar enganado, mas esse parece um modo possível de construir fora dos famigerados condomínios fechados e ainda desfrutar o exterior da moradia.
Esse tipo de casa é muito comum na Europa, de onde vem os dois exemplos acima. A casa da esquerda fica em Cadiz e é do arquiteto Alberto Campo Baeza. À direita, projeto de Manuel Cerdá para uma casa na região de Valencia.
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6 comentários:
como nos mosteiros com os claustros e seus jardins de plantas medicinais e ornamentais.
tem seu encanto, mas morar num monstro desses que surgem a cada dia em nossa cidade, nos andares altos, vendo a cidade, também não é nada mal
a casa pátio é apenas mais uma alternativa que a vida urbana oferece.
concordo, um dos maiores atrativos das torres é o ponto de vista elevado, essa sensação de dominar a paisagem. o seu sucesso há um século não é casual.
os problemas surgem quando se quer fazer uma cidade só de torres; perde-se a diversidade característica dos melhores lugares.
é pena que a maioria das torres construídas aqui são apenas edifícios altos. ou seja, não exploram as reais possibilidades de viver nas alturas.
tens toda razão, e tb. só serve para quem mora nos andares de cima.
mas como dominar a paisagem é um jogo de poder como dominar a política, sempre vai ter torres, e o azar dos que moram a nível de chão é que precisam se refugiar para um pátio interno, para não ver os monstros em volta. só que os monstros em volta tiram o ar, o sol, o vento.
não há + jeito, penso eu, os monstros já ganharam
é realmente uma pena, pois haveria maneira de combinar algumas torres com edifícios baixos definidores dos quarteirões, onde poderiam estar os serviços e os locais de trabalho, com a moradia acima disso.
MAS, para isso acontecer, o urbanismo de planos diretores teria que ser no mínimo acompanhado por projetos urbanos que definissem a forma e a composição de atividades. o que nunca vai acontecer por aqui, pois quem manda na cidades é a construção comercial, e a maioria das prefeituras acaba fazendo o que eles querem.
Acho uma solução ótima.
Nem sempre temos uma paisagen digna de ser observada. Nas maltradadas cidades brasileiras então...
Seria fantástico se tivessemos a possibilidade de ser cercados por paisagens exuberantes sempre... mas as vezes o pior não é a paisagens ruim, mas a vizinhança intrometida ou pequena.
Se eu fosse construir minha casa hoje em dia em condomínio fechado, usaria um partido assim, totalmente fechado para o exterior, com uma porta apenas e um amplo espaço interno aberto cheio de verde, longe dos olhares alheios. Bicho do mato anti-social? eu? homem seletivo, sim!
Sou fã de um projeto de Baeza, a monstruosa sede da Caja General de Ahorros em Granada na Espanha, certamente conheces.
http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/arquitetura377.asp
Um Exemplo muito persistente dessa sua afirmação é casa Azuma do Tadao Ando. Num País onde o pedaço de terra é cada vez mais escaço, ele consegue criar um espaço de imensa amplitude em 58 m².
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