O PREÇO DA INSEGURANÇA

Além dos problemas psicológicos, fisícos e financeiros individuais que decorrem de viver em cidades sem segurança, como é o caso do Brasil, a própria arquitetura e o urbanismo são afetados pelo clima de medo que nos afeta a todos, sem exceção.

No âmbito da cidade, se alteram os padrões de uso e a sua própria constituição física. Os espaços públicos abertos deixam de ser o local de encontro preferencial e a vida pública se desloca para lugares privados, controlados e policiados. A insegurança leva a considerações sobre o cercamento de praças e parques, coisa impensável no passado. A própria relação entre espaço privado e espaço público se modifica radicalmente quando quase todos os edifícios e casas tem gradis que separam esses dois âmbitos tão importantes da nossa vida. Uma reação extrema à situação atual é a fuga para condomínios fechados onde há mais segurança mas, infelizmente, a vida é infinitamente menos rica do que pode ser em uma cidade normal sem os problemas que temos hoje.

No que se refere aos edifícios, há consequências relacionadas ao custo envolvido em tentar torná-los mais seguros, e outras relacionadas à dimensão estética das medidas de segurança adotadas.

Em um edifício com várias unidades o custo se dilui e não é tão decisivo mas, na construção de uma casa, de 10 a 25% do custo total pode ser gasto em equipamentos de segurança. Muros altos, cercas elétricas, grades, gradis, portões automáticos, sistemas de alarme e monitoramento à distância são hoje padrão em qualquer casa ou edifício de padrão médio. O custo pode subir ainda mais com o emprego de câmeras e sensores mais sofisticados, sem falar na presença de seguranças e guaritas.

Todo esse aparato incide diretamente na constituição e aparência das edificações, muitas vezes com resultados desastrosos, especialmente quando se trata de instalações em prédios e casas já terminados.

No entanto, é possível e desejável que esses elementos sejam integrados ao projeto desde o início e que, no caso de reformas, sejam integrados aos elementos existentes. O melhor seria poder prescindir dessas camadas de proteção mas, sendo inevitável, que se tire partido estético delas.

Na ilustração desta semana, um exemplo de como gradis, portas de garagem, grades, cerca elétrica, podem ser integrados ao projeto, até o ponto de se desenhar as hastes da cerca e mudar a cor dos seus isoladores.

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2 comentários:

Anônimo disse...

"até o ponto de se desenhar as hastes da cerca e mudar a cor dos seus isoladores" :

edson, tu terias uma foto com close?
obrigada, tO

Valter Padulla disse...

Penso que a razão de existir dos equipamentos de segurança, além da óbvia defesa, é o ato simbólico de repelir intrusos não convidados. Concordo com a ideia de que a estética é fundamental para transformar espaço físico em lugar, mas apelo para a função prática dos equipamentos de segurança, repelir, em outras palavras, a ostensividade é muito importante à segurança.