Há algum tempo venho pensando que a maioria de nós acumula em suas casas objetos demais. Sugiro que façam um teste, ao qual já me submeti. Olhem bem para suas salas de estar e outros recintos das suas casas/apartamentos e se perguntem: eu preciso deste objeto? Eu realmente gosto dele? Ele não estará ocupando um precioso espaço, que estaria melhor vazio? E este quadro, eu realmente me identifico com ele ou ele está aí por inércia, ou simplesmente para cobrir a parede?
Minha "tese" neste caso é que um espaço em que quase toda superfície horizontal e vertical é ocupada por objetos de todos os tipos priva o seu usuário de extrair o melhor desse recinto. Um espaço “superpopulado” parece menor do que é, e nele fica prejudicada a percepção do mobiliário, das paredes e dos poucos objetos que mereceriam estar lá. A própria luz que entra no ambiente acaba sendo absorvida pelo bric-a-brac usual.
As imagens ao lado ilustram duas situações quase opostas. Na imagem superior, um apartamento como o descrito acima. Nem é dos piores exemplos, mas o acúmulo de objetos causa dificuldades para se identificar os objetos e quadros individualmente, assim como para perceber a própria forma do espaço.
Abaixo, outra sala de estar. Nesta não faltam livros e objetos, mas numa quantidade e medida que deixa o espaço “respirar” e permite ao morador perceber melhor onde vive. Os poucos objetos ganham importância e podem ter o seu design apreciado. As paredes são evidentes como planos que refletem a luz e delimitam o espaço. Um ou outro quadro na parede não ficaria mal, e criaria um foco visual poderoso.
Com as moradias diminuindo de tamanho, o espaço livre se torna um bem importante, quase um luxo. Porque enchê-lo com coisas com as quais não nos identificamos realmente e que provavelmente nunca serão usadas?
Como resultado do teste a que me submeti, 80% dos objetos que tinha foram descartados. Não vivo mais em um pequeno museu de coisas inúteis.
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OBS.: Comentários são muito bem vindos e será um prazer respondê-los mas, por favor, identifique-se para que eu possa saber com quem estou me comunicando.
Minha "tese" neste caso é que um espaço em que quase toda superfície horizontal e vertical é ocupada por objetos de todos os tipos priva o seu usuário de extrair o melhor desse recinto. Um espaço “superpopulado” parece menor do que é, e nele fica prejudicada a percepção do mobiliário, das paredes e dos poucos objetos que mereceriam estar lá. A própria luz que entra no ambiente acaba sendo absorvida pelo bric-a-brac usual.
As imagens ao lado ilustram duas situações quase opostas. Na imagem superior, um apartamento como o descrito acima. Nem é dos piores exemplos, mas o acúmulo de objetos causa dificuldades para se identificar os objetos e quadros individualmente, assim como para perceber a própria forma do espaço.
Abaixo, outra sala de estar. Nesta não faltam livros e objetos, mas numa quantidade e medida que deixa o espaço “respirar” e permite ao morador perceber melhor onde vive. Os poucos objetos ganham importância e podem ter o seu design apreciado. As paredes são evidentes como planos que refletem a luz e delimitam o espaço. Um ou outro quadro na parede não ficaria mal, e criaria um foco visual poderoso.
Com as moradias diminuindo de tamanho, o espaço livre se torna um bem importante, quase um luxo. Porque enchê-lo com coisas com as quais não nos identificamos realmente e que provavelmente nunca serão usadas?
Como resultado do teste a que me submeti, 80% dos objetos que tinha foram descartados. Não vivo mais em um pequeno museu de coisas inúteis.
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OBS.: Comentários são muito bem vindos e será um prazer respondê-los mas, por favor, identifique-se para que eu possa saber com quem estou me comunicando.
5 comentários:
Putz, uma das verdades universais...
Mas tem tanta coisa que se olha e se pensa 'se a exceção da raridade ocorrer, eu posso usar assim...'
O negócio é eleger um 'dia do descarte' pessoal.
Mahfuz, esta discussão chega em boa hora. Primeiro, vamos pensar nos espaços propriamente ditos e sua adequação ao mobiliário. Já visitaste os apartamentos do PAR? Segundo, vamos falar um pouco em tendências! A tendência atual é o minimalismo, mas já tivemos outras tantas tendências, algumas delas altamente poluidoras em termos visuais (será que o usuário está atualizado em termos de tendências?).
Terceiro, e este é o objeto da minha tese de doutorado, convivemos com idades, ciclos de vida familiar, culturas.... tão diferentes em um único prédio, que uma sugestão de adequação se torna algo extremamente difícil.
Poderíamos, ainda, lembrar os milhares de "apetrechos" à venda em 48 prestações nas casas Bahia ou Luiza e que, em função da mídia, se tornaram indispensáveis aos moradores. Será que os projetos de arquitetura estão considerando isto? E então voltamos a discutir o tamanho das cozinhas, das áreas de serviço....
Concordo que esta "limpeza" que tu recomendas no texto é muito importante, mas como acomodar o essencial em um imóvel de 40 m2? Não seria este o maior desafio dos arquitetos hoje?
Adoraria receber uma ajuda de vocês!
Margaret Jobim
margareth,
vou falar sobre tendências numa próxima postagem, por isso não vou comentar sobre isso agora.
pelas tuas observações, infelizmente me parece que as tuas experiências com arquitetos não tem sido das melhores. e não poderia ser diferente, pois os melhores arquitetos raramente tem a chance de trabalhar para as construtoras, tanto em obras normais como do tipo PAR.
mas eu te asseguro que um profissional que mereça o título de Arquiteto sempre leva em conta a adequação entre espaço e mobiliário desde o início do projeto.
e, sim, é possível colocar o essencial em 40 m2.
Prof Mahfuz, o problema, como está no outro comentário seria a nossa fácil influência por ofertas e mais ofertas de produtos que, mesmo sem termos como utilizar, compramos por estarem com um "ótimo preço". O problema que vejo é que para apartamentos pequenos, como o que moro por exemplo, os moradores precisam otimizar os espaços e essa otimização passa por móveis planejados, sob medida, o que ainda custa cara se comparado com os apresentados por lojas.
Infelizmente alguns empreendimentos do PAR iludem os moradores com plantas baixas mobiliadas em que os móveis estão menores do que realmente são, iludindo os moradores. Isso é observado em muitos empreendimentos onde os projetos apresentados em planta baixa para que os clientes efetuem a compra.
Quanto menor o espaço, mais cuidado se deveria ter ao decidir sobre a colocação de mais um objeto nele. O normal é que os espaços pareçam menores do que são, pelo acúmulo de coisas desnecessárias.
Sobre os truques empregados pelas construtoras, na melhor das hipóteses se trata de um caso para o Procon, na pior para o Ministério Público. Não vamos chegar a lugar nenhum enquanto esse tipo de malandragem for generalizada.
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