Existem cidades que nos dão vontade de sair à rua e ficar, pelas condições que oferecem ao usuário. As cidades espanholas são assim, e Barcelona em particular.
Um amigo de lá uma vez me disse que Barcelona deve ser uma das poucas cidades no mundo em que o pedestre ganha contínuamente espaço urbano: calçadas são alargadas e urbanizadas, novas praças são criadas em miolos de quarteirão, áreas antes privadas viram públicas, etc.
Me impressiona sobremaneira o hábito de transformar qualquer meia dúzia de metros quadrados em uma pracinha, com banco, lixeira e poste de luz. Ao longo das ruas esse equipamento é uma constante, transformando o espaço urbano de muitas cidades espanholas em uma grande sala de estar a céu aberto, onde se pode ler ao sol e encontrar os amigos.
Mas o que é notável não é apenas a provisão de espaço urbano público; isso também ocorre por aqui, em alguma medida. O que é invejável é o cuidado com que qualquer espaço aberto é tratado. Esse cuidado transparece no projeto de cada espaço, mesmo os menores, e na qualidade do equipamento utilizado.
Claro, temos que considerar as diferenças culturais e econômicas entre a Europa e o Brasil, o que faz com que a depredação dos equipamentos públicos seja uma constante. Mas isso não pode ser justificativa para que se aceite o que se tenta impingir a nós como "paisagismo". Sobre um pedaço de terreno são atiradas quadras esportivas, bancos, postes, plantas, brinquedos infantis, sem nenhuma noção de ordem e de relação entre as partes, e entre a praça e a cidade. Sem falar que os objetos ali colocados são, geralmente, de péssimo design e construtivamente débeis.
Por falar nisso: quem projeta essas praças? Que tal fazer concursos públicos para escolher os projetos, dando mais chance à cidade de ter coisa melhor e ajudando a desenvolver a arquitetura local.
A nossa falta desses espaços é tanta que agradecemos aos céus por qualquer coisa que nos ofereçam: "melhor isso do que nada", não é o que se ouve? Já não está na hora de acordarmos e exigirmos espaços urbanos de melhor qualidade?
Em tempo: as ilustrações são da Praça da Universidade e de uma outra no meio da parte antiga de Barcelona.
Um amigo de lá uma vez me disse que Barcelona deve ser uma das poucas cidades no mundo em que o pedestre ganha contínuamente espaço urbano: calçadas são alargadas e urbanizadas, novas praças são criadas em miolos de quarteirão, áreas antes privadas viram públicas, etc.
Me impressiona sobremaneira o hábito de transformar qualquer meia dúzia de metros quadrados em uma pracinha, com banco, lixeira e poste de luz. Ao longo das ruas esse equipamento é uma constante, transformando o espaço urbano de muitas cidades espanholas em uma grande sala de estar a céu aberto, onde se pode ler ao sol e encontrar os amigos.
Mas o que é notável não é apenas a provisão de espaço urbano público; isso também ocorre por aqui, em alguma medida. O que é invejável é o cuidado com que qualquer espaço aberto é tratado. Esse cuidado transparece no projeto de cada espaço, mesmo os menores, e na qualidade do equipamento utilizado.
Claro, temos que considerar as diferenças culturais e econômicas entre a Europa e o Brasil, o que faz com que a depredação dos equipamentos públicos seja uma constante. Mas isso não pode ser justificativa para que se aceite o que se tenta impingir a nós como "paisagismo". Sobre um pedaço de terreno são atiradas quadras esportivas, bancos, postes, plantas, brinquedos infantis, sem nenhuma noção de ordem e de relação entre as partes, e entre a praça e a cidade. Sem falar que os objetos ali colocados são, geralmente, de péssimo design e construtivamente débeis.
Por falar nisso: quem projeta essas praças? Que tal fazer concursos públicos para escolher os projetos, dando mais chance à cidade de ter coisa melhor e ajudando a desenvolver a arquitetura local.
A nossa falta desses espaços é tanta que agradecemos aos céus por qualquer coisa que nos ofereçam: "melhor isso do que nada", não é o que se ouve? Já não está na hora de acordarmos e exigirmos espaços urbanos de melhor qualidade?
Em tempo: as ilustrações são da Praça da Universidade e de uma outra no meio da parte antiga de Barcelona.
4 comentários:
Mahfuz, concordo plenamente com o texto e aprovieto para iniciar a discussão sobre o fechamento dos parques em POA.
Um dos mais belos parques da Espanha, situado em Madri, é fechado. No BR, o Ibirapuera também é fechado. Qual a opinião de vocês a respeito, já que o assunto anda em pauta? Os urbanistas e paisagistas têm opinado a respeito?
Margaret Jobim
Tenho lido comentários indignados sobre o fato de que o Parque Rep. da Alemanha, recém inaugurado em POA, é cercado. Os adjetivos qualificam a decisão de autoritária, fascista, até coisas mais pesadas.
Confesso não entender tal reação. Não vejo outro modo de manter esse equipamento público íntegro. Quem vai de madrugada a um parque, nos dias de hoje? Só os depredadores (o parque mencionado já estava pichado antes de inaugurado).
É claro que o ideal seria ter tudo aberto sempre, mas não vivemos num mundo ideal. A realidade é outra: tudo é depredado. Então o cercamento me parece uma boa idéia.
Prof Mahfuz, eu já fui contra o cercamento de praças, mas da maneira como esses espaços públicos são tratados, já estou mudando meu conceito. Estamos requalificando a Praça Coronel Pedro Osório no centro de Pelotas e aqui já foi levantada essa questão, a princípio ninguém aprovou o cercamento, mas a discussão ainda não foi encerrada.
Acho muito importante que se questione a qualidade (ou falta de) dos espaços urbanos das nossas cidades, é claro que não se pode comparar Porto Alegre com Barcelona, as diferenças (sociais, culturais e econômicas) são muitas e muito grandes, mas nem por isso podemos deixar de refletir sobre este assunto e não podemos aceitar isto como desculpa para que as coisas não mudem ou melhores por aqui.
Ouço as pessoas dizendo que se contentam com o que lhes é oferecido, pois não adianta investir em equipamentos urbanos de qualidade (arquitetônica, de design e material) se em pouqíssimo tempo eles já estarão depredados. É calro que isto se deve principalmente à falta de educação da população em geral, mas devemos nos privar de bons espaços urbanos, apenas por este motivo? Entendo que seja desestimulante trabalhar nestas condições e pergunto: qual a solução para este problema? Concursos públicos? Educação? Debates? Levar o conhecimento "arquitetônico" à população? Como?
Se em outros lugares do mundo (e até mesmo do Brasil) concursos públicos ajudam a desenvolver a arquitetura, transformando áreas privadas em públicas, valorizando o papel do arquiteto e criando espaços urbanos melhores, por que o mesmo não acontece aqui, em Porto Alegre?
Por que não se fez um concurso para a Terceira Perimetral? onde está o projeto vencedor do concurso para o Porto dos Casais? E de quem é a idéia de colocar a OSPA no Shopping Total? Vai virar moda área pública sendo loteada para interesses e lucros privados e a sociedade ganha um parque cercado de brinde para não reclamar? Afinal, existe concurso público sério em Porto Alegre?
Por fim, acredito que concursos ainda sejam realmente uma boa solução para a criação de espaços urbanos de qualidade. Nós como arquitetos devemos educar a população para que esta não aceite mais este tipo de "solução".
Professor Mahfuz, parabenizo-o pela iniciativa e criação deste blog, que propicia a discussão de arquitetura! Espaço único, rico e muito valiozo para todos nós!
Paula de Moraes Lopes (aluna da disciplina de Arte, Estética e Arquitetura - Profs. Viviane Maglia e Raquel Lima - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - UNIRITTER)
Postar um comentário